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Sempre fui artista, mesmo antes de saber o que isso queria dizer. O nome Beatriz já carregava a atriz, e sempre foi fruto de comentários e brincadeiras, mas foi o desejo de ter um corpo e uma voz livres que me levou a sonhar com o palco desde pequena. Me lembro da primeira vez que reconheci um palco, e vendo os atores em cena, eu quis estar ali. Cresci cercada de arte — peças infantis, teatro na escola, aulas de instrumentos diversos, tardes inventando histórias... Pesquisei faculdades de artes cênicas como quem procura um lugar pra morar durante toda a adolescência. A vida se desenrolou de outra forma, mas retomei esse sonho aos 30 anos com mais verdade e mais coragem.

Escrevo desde antes de saber escrever. Desde a primeira vez que me perguntaram o que seria quando crescer eu disse: escritora. Sempre amei livros, desde as suas letras, imagens à cheiros, texturas, capas e espaços. Meu passeio favorito era ir à livraria. Minha mãe dizia que bastava um livro na minha mão pra eu ficar quietinha no meu canto. Meu refúgio na escola e faculdade eram as bibliotecas: lugar que eu podia ser eu e, ser eu, naquela época, era simplesmente poder respirar em silêncio. Queria esquecer a ansiedade que era socializar, e esquecia tudo à minha volta mergulhada na curiosidade em conhecer histórias, descobrir segredos e imergir em mundos que não eram meus. Escrevi meu primeiro livro com 4 anos, antes de saber escrever, meu pai transcreveu para mim enquanto eu ditava cada frase e depois desenhei suas ilustrações. Quando aprendi a ler, fuçava as estantes do meu pai, lia livros de filosofia e tudo mais que me chamava a atenção, mesmo sem realmente compreender. Ler um livro completo em um dia só era comum para mim. Sentar para escrever era quase como respirar, nunca foi uma dificuldade. Mesmo quando não sabia o que escrever, eu sabia que eu iria dar um jeito, tinha uma confiança enorme em transformar qualquer conjunto de palavras em algo, pelo menos, interessante de se ler. Eu nunca parei de escrever, meu cérebro está sempre digitando, rabiscando e muitas vezes, preciso parar o que estou fazendo para anotar antes que aquele conjunto de frase voe para longe.

Este espaço reúne essas duas partes que às vezes parecem distintas, mas sempre caminharam juntas: a arte de contar histórias.

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